Principais fatores que afetam a concentração no trabalho

Um dos maiores problemas atualmente é manter a concentração no trabalho. Em menos de 30 minutos, mais da metade dos trabalhadores já perde o foco. Esse dado vem do relatório “ Foco perdido: o custo das distrações na produtividade no local de trabalho moderno”.

A pesquisa revela que as pessoas perdem, em média, cinco horas por semana devido a distrações. Se um ano tem 52 semanas, isso significa que, anualmente, perdemos 260 horas com atividades que não contribuem para o trabalho.

Vivemos em um paradoxo: de um lado, reclamamos que não temos tempo de qualidade para nada; do outro, estamos sempre perdendo tempo com distrações.

Imersos em um mar de informações, sem foco e esgotados ao final do dia, nos perguntamos: por que o saldo é mais informação e menos produtividade e concentração no trabalho?

Neste artigo, vamos explorar por que nosso cérebro tem dificuldade em absorver tantos estímulos e como podemos melhorar nossa concentração no trabalho.

Mismatch: não somos programados para horas seguidas de trabalho

Durante a maior parte da história humana, a vida era simples: víamos as pessoas, usávamos ferramentas e lidávamos com uma informação de cada vez. No entanto, nos últimos 100 anos, o cérebro humano foi exposto a um bombardeio de informações: rádio, telegramas, telefonemas, televisão, computadores, celulares, redes sociais e os inúmeros barulhos externos — músicas, tráfego de carros, caminhões, ônibus, e muito mais.

Do silêncio para o constante fluxo de músicas, do jornal impresso para as redes sociais, da vida real para a vida virtual, do livro físico para as manchetes rápidas. Mudamos nossos comportamentos, mas nosso cérebro não acompanhou essa evolução.

Antigamente, nossos avós viviam no "tempo". Hoje, estamos imersos em um fluxo constante de informações, "atropelando o tempo". Os estímulos do passado permitiam um nível de atenção que hoje, em meio ao excesso de informações, nos é escasso.

O cérebro e a sobrecarga cognitiva

O cérebro humano ainda tem as mesmas características de antes: ele precisa de um ambiente com informações relevantes para manter o foco. Porém, no mundo moderno, vivemos imersos em um ambiente saturado de estímulos irrelevantes que sobrecarregam nossas capacidades cognitivas.

A biologia evolutiva usa o termo mismatch (incompatibilidade evolutiva) para descrever o descompasso entre a evolução do cérebro e o ambiente moderno. Essa incompatibilidade resulta em sobrecarga cognitiva, o que nos faz perder a concentração constantemente, em um ambiente cheio de estímulos sensoriais e informativos.

Se antes era comum ver leitores mergulhados em debates profundos sobre livros como Guerra e Paz, de Lev Tolstói, hoje encontramos pessoas que leem apenas manchetes e logo esquecem do conteúdo. O feed infinito das redes sociais é um exemplo claro disso: uma avalanche de informações que compete pela nossa atenção.

A cultura de massa e referências comuns

No passado, havia uma cultura de massa, onde as pessoas compartilhavam as mesmas referências culturais: todos ouviam Bach, Beethoven, liam Dostoievski e Flaubert. Hoje, o cenário é bem diferente: são produzidas mais de 120 mil músicas por dia, e anualmente mais de 2 bilhões de livros são comercializados. A abundância de opções de entretenimento e informação gerou um ambiente de constantes distrações, o que contribui para a desatenção.

Um paradoxo da vida moderna é a enorme quantidade de informações que não se transformam em conhecimento. Temos uma infinidade de aplicativos para produtividade, mas muitas vezes a produtividade não acompanha esse excesso de ferramentas.

Veja, por exemplo, um resumo esquemático de como funciona esse sistema de divisões e mecanismos atencionais do nosso cérebro.

Figura extraída do artigo científico “ Compreendendo os mecanismos atencionais”.

Como vemos, a atenção é limitada e depende de fatores internos (fisiológicos, cognitivos e emocionais) e externos (ambiente e características). Quando temos muitos estímulos ao nosso redor, a dificuldade em manter a concentração, especialmente no trabalho, aumenta, pois o cérebro tem recursos limitados para sustentar a atenção.

Fatores externos que dificultam a concentração no trabalho

- Ambiente desorganizado;
- Distrações digitais;
- Interrupções frequente;
- Iluminação inadequada;
- Ambiente barulhento.

Sons altos ou inesperados, como conversas intensas ou telefones tocando, podem atrapalhar nosso foco. Além disso, um ambiente desorganizado gera sobrecarga visual, o que cansa rapidamente o cérebro. Notificações de celular, então, são um grande inimigo da produtividade.

Fatores externos que dificultam a concentração no trabalho

- Cansaço;
- Estresse;
- Ansiedade;
- Sobrecarga cognitiva.

Quando estamos sobrecarregados com informações ou preocupações, nossa mente não consegue se concentrar com eficiência. Além disso, a falta de sono ou níveis elevados de ansiedade pioram a nossa capacidade de manter o foco.

Técnicas para aumentar a concentração no trabalho

- Desative notificações;
- Se puder, use fones de ouvido;
- Mantenha seu ambiente de trabalho organizado;
- Tenha agenda para não perder compromissos;
- Categorize as prioridades de tarefas;
- Dê pequenas pausas ao longo do dia;
- Durma bem.

Além disso, a Técnica Pomodoro pode ser uma ótima aliada. Ela consiste em trabalhar por 25 minutos, seguidos de 5 minutos de pausa. Esse ciclo pode ser repetido até que você se acostume a manter o foco por mais tempo, aumentando gradualmente a duração das sessões de trabalho.

Em um mundo cada vez mais acelerado, cuidar da nossa concentração não é apenas uma necessidade, mas uma habilidade essencial para alcançar o sucesso no trabalho e na vida pessoal.

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