Espaços Flexíveis: A Nova Era do Trabalho Colaborativo

A evolução dos locais de trabalho reflete as mudanças sociais e tecnológicas ao longo dos séculos. Desde os mosteiros medievais até os modernos espaços flexíveis, a busca por produtividade e inovação moldou tanto o ambiente quanto os móveis utilizados.

Hoje, com o modelo híbrido e a necessidade de conforto e adaptabilidade, os espaços flexíveis são essenciais para promover bem-estar, eficiência e sustentabilidade no trabalho.

A história do escritório

Os mosteiros da Idade Média foram os primeiros ambientes de trabalho organizados, onde monges combinavam oração, cultivo e aprendizado. Essa dinâmica criou um modelo inicial de organização e produtividade que influenciaria gerações futuras. O artigo “ As escolas dos mosteiros medievais: dinâmica social, didática e pedagogia” descreve esse cenário:

“(...) O trabalho produziu riqueza e necessidade de organização. Esse processo, inclusive, contribuiu para que no decorrer da história o isolamento inicial dos monges fosse quebrado.”

Com o Renascimento, as mudanças culturais e tecnológicas impulsionaram o surgimento de espaços destinados a atividades intelectuais, marcando o início da transformação dos escritórios em locais mais amplos. A função social do trabalho se expandiu para incluir atividades artísticas, científicas e comerciais.

No Iluminismo, o trabalho ganhou um novo valor. A disciplina e a concentração passaram a ser virtudes desejadas, ampliando a importância dos escritórios como locais de produção intelectual.

“Tarefas voltadas para a classificação e o arquivamento de informações continuaram sendo importantes para os intelectuais e o comércio. Contudo, artistas e escritores passaram a utilizar os escritórios como espaços de isolamento independentes. Com disciplina e concentração forçadas, o trabalho ganhou um novo valor durante o Iluminismo. Trabalhar tornaria o cidadão livre mais produtivo, graças à educação.” Este é um trecho retirado da reportagem “ O que as empresas podem aprender com a história do escritório?”.

A evolução dos móveis no escritório

Durante o século XIX, a Revolução Industrial trouxe o mecanicismo aos escritórios. Móveis fixos e padronizados passaram a ser comuns, refletindo a burocracia e a rigidez da época.

O trabalho, frequentemente realizado em jornadas de mais de 14 horas, era fisicamente extenuante, com crianças trabalhando nas fábricas e o conforto dos móveis não era prioridade. Para se ter ideia, os móveis eram de madeira, pesados, e trabalhados, as cadeiras eram de madeiras duras e sem estofado. As condições eram insalubres.

No século XX, os cubículos surgiram como solução para acomodar mais trabalhadores em espaços limitados. Criados nos anos 1950 pelos irmãos alemães Eberhard e Wolfgang Schnelle, os Burolandschaft (escritórios panorâmicos) representaram uma tentativa de criar ambientes mais funcionais. Porém, ainda predominava a preocupação com eficiência, deixando o bem-estar dos trabalhadores em segundo plano.

Havia móveis menos resistentes e aparentemente cadeiras mais confortáveis até então, carpetes e um ambiente cada vez com menos cores. Cadeiras fixas foram substituídas por cadeiras com rodinha, mas ainda sem muito conforto. Além disso, vemos que as mesas foram ficando cada vez menores, trazendo menos conforto.

A luta por ambientes de trabalho melhores

Como vimos, a mudança do espaço corporativo, de um lugar para poucas pessoas, foi se transformando ao longo da história e da necessidade de produção em um ambiente cada vez mais robusto, com mais trabalhadores e cujos móveis nunca foram pensados para seus funcionários.

Com a jornada de oito horas por dia, estamos colhendo resultado de uma péssima postura e utilização de cadeiras desconfortáveis: o aumento de diagnóstico de problemas de coluna, como hérnia de disco (em pessoas cada vez mais jovens).

A luta incessante por um lugar de insalubridade para um ambiente digno foi um processo histórico e longo, onde os móveis mostram a diferença: o conforto nunca foi um fator primordial.

Espaços Flexíveis: uma necessidade

A pandemia mudou drasticamente a relação entre o trabalhador e o ambiente corporativo. Com o avanço da tecnologia e a popularização do modelo híbrido, os escritórios precisaram se adaptar. Essa transformação trouxe à tona a importância do conforto e da ergonomia, resultando em uma demanda crescente por móveis ajustáveis e tecnológicos.

Cadeiras ergonômicas, mesas ajustáveis e layouts adaptáveis tornaram-se essenciais, refletindo a busca por espaços que promovam saúde, produtividade e bem-estar. Além disso, os espaços flexíveis permitem que os ambientes sejam reorganizados para diferentes funções, desde reuniões colaborativas até momentos de concentração individual.

Diante desse cenário, as pessoas precisaram adotar novos hábitos, móveis tecnológicos e com ergonomia, além de equipamentos de trabalho mais adequados. Por isso, buscar mobiliário que considere a ergonomia é uma realidade essencial - tanto para a saúde como para a produtividade.

Benefícios dos espaços flexíveis

Vemos que a transição dos escritórios fixos para layouts adaptáveis foi influenciada pela necessidade da colaboração, flexibilidade e inovação.

A colaboração não é apenas essencial para trocar ideias e fortalecer o trabalho em equipe, mas também criar ambientes mais conectados.

Vale ressaltar que os espaços flexíveis conversam com a tecnologia, isto é, com as estações de carregamento, painéis interativos, entre outros aspectos. Além disso, ter menos impacto ambiental é um dos fatores de um escritório flexível, já que não há necessidade de comprar móveis a toda hora para se adequar a cada função.

Os espaços flexíveis também refletem um ambiente que valoriza a adaptabilidade e inovação, fazendo com que os funcionários se sintam mais à vontade, justamente para ter um bom trabalho.

“Fernandes (1996) conceitua que fatores físicos, aspectos sociológicos e psicológicos impactam igualmente na satisfação dos indivíduos no trabalho, associados aos aspectos tecnológicos da organização que, em conjunto, interferem no clima organizacional, refletindo na produtividade e satisfação do colaborador. Segundo Gil (1994) não basta a empresa ser consciente de que oferece uma infraestrutura adequada e superior a outras, é vital que os trabalhadores tenham essa visão.”

Tal trecho foi retirado da monografia intitulada: Qualidade de vida no trabalho : a percepção do colaborador sobre seu ambiente corporativo.

Assim, a adaptabilidade dos móveis ajuda a reduzir o estresse no trabalho, melhora a produtividade e traz mais bem-estar aos seus colaboradores.

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